segunda-feira, abril 20, 2015

Ao meu Cãopanheiro...

Obrigada Denis.

Por estes quase 14 anos, cheios de energia, alegria, cãopanheirismo, amizade e amor incondicional.

Faz hoje uma semana que te levámos pela última vez ao veterinário... já sabia que não ías voltar, mas isso não tornou as coisas mais fáceis.

Senti que te traí, principalmente depois de ver a felicidade com que saíste de casa ao final da tarde... mal imaginavas o que iria acontecer.

Sinto um nó na garganta... quero vomitar... quero dormir, e acordar só quando estas sensações passarem, ou quando estiveres de novo ao pé de mim.

Quero ligar para a clínica, e dizer que afinal te vou buscar daqui a pouco.

Mas eu sei que não estás lá.

O meu coração é que ainda não se habituou. Nem a minha mente, que por vezes ainda ouve as tuas patinhas, ou o teu ressonar... ou o meu corpo que ainda tem o cuidado de verificar se a porta da cozinha ficou fechada, ou a porta do corredor...

És agora uma estrelinha, a olhar por nós.

Mas eu queria mesmo era que ainda estivesses aqui.

Sempre disse que gostava de estar sozinha. Mas a realidade, é que eu nunca estive sozinha. Tu estavas sempre lá. Nas noites de trabalho. Nas tardes de sorna a ver televisão ou a ler um livro. Na gravidez da Mafalda, às 4 e 5 da manhã - em que eu cheia de dores só estava bem a andar à volta da mesa de jantar, e tu sem arredar pé, sentado a olhar para mim, com esses olhos de mel, e esse coração enorme...

Agora é que estou verdadeiramente sozinha... deixei-te ir. Mas a verdade, é que não era justo eu manter-te comigo, quando já tanto te custava andar, e tantos trambolhões davas... quando já nem três escadinhas conseguias descer... quando não conseguias andar direito na rua, e eu tinha que suportar o teu peso com o teu peitoral "à força-tarefa"... quando já te molhavas sozinho todos os dias... quando urinavas bocadinhos de sangue... quando tanto te custava aguentares-te de pé durante o banho - e na secagem então já nem tentavas... quando na meia luz da garagem ficavas pregado ao chão cheio de medo, porque não vias absolutamente nada.

Eu deixei-te ir, porque ao teu jeito, me vinhas avisando que estava na tua hora. Mas eu não queria.

Amo-te muito meu patudinho, agora e sempre <3